À sombra das carolinas
A azia do ocaso e o remédio arbóreo || Labatut e a loucura dos matemáticos || Lupicínio sempre e uma canja do Premê
Escrevidas é uma pizza de palavras — metade ensaio, metade crônica. A fornada sai às quintas-feiras antes do meio-dia ou a qualquer hora em edição extraordinária.
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Para Ana Carolina Siúves Corrêa de Sá, em memória
A verdade, somente a verdade, nada além da verdade.
No Escrevidas é assim?
Não. Nem nos tribunais.
O real, somente o real, nada além do real.
No Escrevidas é assim?
É. Mas devagar.
Como o início de “A Cartomante”, célebre conto de Machado de Assis (1839-1908), é bom lembrar o que Hamlet observa a Horácio: “Há mais coisas no céu e na terra do que sonha a nossa filosofia”. [É essa a tradução do Bruxo, sem o “entre” costumeiro, e bate com o original inglês: “….more things in Heaven and Earth..”].
É quase noite de sábado. A fazer o quimo do crepúsculo com certa indigestão, começo a batucar essas linhas.
Se encontrei o Escrevidas ou Escrevidas me achou, evito me embrenhar em tais dilemas.
Fujo de solipsismos “doudos”, como se escrevia no tempo de Machado.
Na vizinhança amarram um papo sossegado do qual me chegam notas estendidas, “ãoos”, “aisss”, “ôooos”, sons assim.
Passarinhos tentam descansar, talvez dormir, em duas altas e anchas mamoranas que temos em frente ao prédio.
Elas sobreiam a calçada e nos chegam à laje, onde sobreiam nossas plantas, e suas densas copas ainda sombreiam, dia e noite, nossos eventuais e normais tormentos.
A mamorana também é chamada de cacau-selvagem, cacau-falso e outras deliciosas nomeações do povo. Eis algumas:
Carolina, castanheiro-das-guianas, castanheiro-do-maranhão, castanhola, ebiratanha, embiruçu, munguba e sapote-grande.
Para ciência é Pachira aquatica Aubl., da família das Malvaceae.
Para mim, doravante, carolina.
Aprendo que a carolina é uma espécie perenifólia e um prodígio de árvore. Nativa das Américas Central e do Sul, no Brasil difunde-se desde o bioma Amazônico.
Floresce o ano inteiro, tem propriedades medicinais e as sementes consumidas cruas ou torradas.
“É indicada para recuperação de floresta ciliar em áreas de igapó”, informa um artigo no portal da Embrapa, “e restauração de áreas úmidas, sendo também utilizada na arborização urbana”.
As carolinas, ora cheias de frutos maduros, acrescento, têm na noite — que já abre e estende suas asas — seu tempo de recolhimento, suas horas privativas.
Seu verdor se encobre no negrume e nos recessos das folhagens se tecem fios de sonhos, fios que formam minúsculas redes globulares que a primeira luz da manhã desfaz.
Bem, é o que a colaboração de um poeta anônimo pode oferecer aos estudos avançados da carolina.
Oxalá uns e outras — passarinhos e carols — não sofram, no seu repouso, sobressaltos n’alma com o ataque feroz de carros e motos acelerados, a rasgar o tecido urbano e o tecido neural humano.
Assim, querida leitora, querido leitor, vou me refazendo no escrever.
Já me sinto melhor da indigestão crepuscular, mais disposto na companhia noturna das carolinas, e a imaginar sua companhia ao me ler.
Outras dispepsias virão nos ocasos.
A cada um de nós cabe tratar o incômodo da melhor maneira a seu alcance.
Hoje, passarinhos e carolinas me são boa medicina, ainda que coadjuvantes.
Assim é escrever por escrever — quando escrever ou não escrever equivale a ser ou não ser.
Essa espécie de divisa hamletiana esteia este meu fazer, que é meio e fim, e não é brincadeira.
Mas sabe brincar.
*
Se a tragédia de Shakespeare se passasse nos dias atuais, Hamlet talvez observasse a Horácio que “há mais coisa nos átomos e nas partículas elementares do que nossa ciência pode sonhar”.
Uma matemática diabólica fundou os alicerces da mecânica quântica, graças à obsessão de cobras como Erwin Schrödinger (1887-1961) e Werner Heisenberg (1901-1971).
Hoje é o campo mais sólido da física.
Mas os cientistas do metiê sabem até onde vai o conhecimento humano.
O limite começa no interior do interior do infinitamente pequeno na matéria.
Opera, a ciência, nesse campo com probabilidades, matemáticas diabólicas — ao menos para um leigo assombrado, mas não apenas.
A mecânica quântica “está por trás da supremacia de nossos smartphones, da internet, da promessa do poder divino da computação. Ela remodelou completamente o nosso mundo” — diz um trecho de “Quando Deixamos de Entender o Mundo” (Todavia), de Benjamín Labatut.
É o mesmo autor de “Maniac”, livro que comentei aqui e aqui.
Segue a passagem da tradução de Paloma Vidal:
“Nós sabemos como usá-la, ela funciona como que por algum estranho milagre, mas não há uma alma humana, viva ou morta, que de fato a entenda. A mente não consegue lidar com seus paradoxos e contradições”.
Labatut, já se disse, deve muito a W.G. Sebald (1944-2011), autor de obras essenciais como “Os Anéis de Saturno”, “Austerlitz” e “Os Imigrantes”, que releio de vez em quando.
Mas não se pode subestimar Labatut.
A curta distância que separa a genialidade da loucura é um de seus temas preferidos. Seu epítome nesse livro é o matemático alemão Alexander Grothendieck (1928-2014).
Como muito de seus pares, Grothendieck se considerou perto de entender a mente de deus em cabulosas equações — até abandonar tudo, carreira, família e matemáticas.
Outro tema crucial para o chileno é a transformação do mundo pela invenção tecnológica;
E a violência das revoluções da ciência sobre a humanidade condenada à obsolescência, para quem a vida tinha um rumo mais ou menos certo, bem ou mal uma ordenação, antes de tudo vir abaixo.
Mas o que mais interessa a Labatut são os desvãos da consciência do gênio científico — a maravilhosa construção de soluções salvadoras do mundo e os rastros de horror deixados pelo chamado progresso.
Alguns dos imensos gênios que ele toma como personagens de seus “romances de não ficção” têm a consciência destroçada ao perceber o quanto contribuíram para ameaçar a existência da vida humana e da natureza.
Nem é preciso chegar às bombas, como as lançadas sobre Hiroshima e Nagasaki, ou à bomba de hidrogênio.
Ninguém é mais representativo dos paradoxos da ciência que Fritz Haber (1868-1934), Nobel de Química de 1918.
O inventor do método para extração de nitrogênio do ar, principal insumo na fabricação de fertilizantes, contribui para a salvação de milhares, talvez milhões de vidas, que do contrário sofreriam com epidemias de fome.
Pois o mesmo Herr Haber criou e desenvolveu a primeira arma de destruição em massa, o cloro gasoso, despejado à vontade nas trincheiras da Primeira Guerra Mundial.
A visão da “morte total” causada pelo gás foi tão devastadora que uma testemunha de seus efeitos, então cabo do exército alemão, chamada Adolf Hitler, se recusaria a empregá-lo na guerra seguinte.
Na conta de Haber ainda entra a fórmula de um pesticida a gás que usava o cianeto, nomeado Zyklon — palavra alemã para os ventos de um furacão.
O desenvolvimento posterior do veneno levou à produção do Zyklon B, gás usado para exterminar milhões de seres humanos nos campos nazistas de Auschwitz, Majdanek e Mauthausen.
*
Lupicínio Rodrigues (1914-1974) vem me martelando a consciência, com milhões de diabinhos, para falar um pouco sobre ele.
É que não passo sem Lupi.
Devo muito ao seu legado à música brasileira.
Me antecipo, então, a seu 110º aniversário de nascimento, a 16 de setembro, e ao cinquentenário de sua morte, a 27 de agosto.
É um artista fascinante esse porto-alegrense da pobre região da Ilhota, reduto de desvalidos que existiu da capital gaúcha.
Mestre da canção popular brasileira, Lupicínio é autor dos mais gravados e amados.
Incrivelmente, é pouco difundido e apreciado pelos mais jovens nesta borbulhante era da sofrência.
Mas estudiosos são unânimes em assentar que ninguém sofreu musicalmente mais que Lupicínio.
Sofrência era com ele mesmo. O homem não fazia figuração.
Lupi criou sambas-canções, essa espécie de blues brasileiro, conforme Gilberto Gil, que nos refrescam como brisa, de uma maneira sempre renovada.
São músicas tristes e profundas mas sempre deixam no ouvinte um laivo de alegria e contentamento com a criação musical inventiva.
Costumam rotular seus dramas de perda, abandono e vingança como ícones da cornitude e da dor de cotovelo — mal de quem se apoia demasiado em balcões de bar.
Creio que não se deveria sobrevalorizar tais chancelas.
São redutoras para não iniciados em Lupi, folclorismos que nublam a grandeza de seus sambas.
A beleza de suas melodias e letras têm outras dimensões e angulações além da “cornitude”.
Sua obra pode ser desfrutada, já coada pelo tempo, como canções sobre canções sobre as desgraças do amor, ou como canções de amor e dor em estado de arte, o imaginário de uma época enquadrado por um grande compositor.
A obra de Lupicínio também porta uma suavidade, uma temperança melódica que embala o sofrer e ecoa o fado.
É fácil de perceber isso em “Loucura”, por exemplo, com Adriana Calcanhoto, faixa do seu álbum ao vivo de 2015.
O samba-canção foi gravado por Lupicínio no LP “Dor de Cotovelo” (1973) e tem boas versões.
Uma grande intérprete, como Calcanhoto ou Maria Bethânia, atua. É também atriz, como o bom cantor é antes ator.
Ou melhor, a arte teatral aqui é indissociável da técnica musical — da emissão, afinação e divisão vocais.
Adriana é tão fiel ao Lupicínio essencial quanto Caetano Veloso ou Gilberto Gil.
O recifense Ayrton Montarroyos não se saiu mal nesse universo.
E Paulinho da Viola pegou “Nervos de Aço”, calma e refinadamente, como se ele próprio houvesse escrito a canção.
São apenas alguns nomes entre os melhores versionistas das canções de Lupi.
E estão entre os mais fiéis ao artista, cuja voz é “mansa” e de “um expressionismo contido/ quase falado/ isomórfico”, como diz um poema de Augusto de Campos, autor de um estudo sobre Lupi.
Não tem propósito a exageração dramática de canções que nasceram de feridas, de dores de amor extremadas e torturadas.
É chover no molhado, ou chorar no ensopado, como João Gilberto tão bem nos mostrou.
O próprio Lupicínio teve Mario Reis (1907-1981) como sua maior influência, e Mario é sempre apontado como um percussor de João, que o idolatrava.
“Loucura” (Sony Music), o trabalho de Adriana Calcanhoto, teve produção luxuosa, incluindo os belos ternos do figurino da artista.
E o espetáculo contou com uma banda de babar.
Estavam com ela no palco Alberto Continentino no contrabaixo, Dadi Carvalho e Cézar Mendes nos violões e Jessé Sadoc do Nascimento Filho no trompete.
“E aí
Eu comecei a cometer loucura
Era um verdadeiro inferno
Uma tortura
O que eu sofria
Por aquele amorMilhões de diabinhos martelando
Um pobre coração que agonizando
Já não podia mais de tanta dor
E aí
Eu comecei a cantar verso triste
O mesmo verso que até hoje existe
Na boca triste de algum sofredorComo é que existe alguém
Que ainda tem coragem de dizer
Que os meus versos não contêm mensagem
São palavras frias, sem nenhum valor
Ó, Deus! Será que o Senhor não está vendo isto?
Então, por que é que o Senhor mandou Cristo
Aqui na Terra semear amor (...)”
——
O LP “Cidade de Salvador” (1973), de Gilberto Gil, traz uma gravação de “Esses Moços (Pobres Moços)” — samba lançado por Francisco Alves (1898-1952) em 1948.
Gil acompanha-se ao violão, com apoio de uma flauta, em andamento de balada.
A melodia tem a inflexão do aconselhamento, apropriada à sabedoria de quem viveu poucas e boas, conforme a letra. É belíssimo o efeito.
O elo, o anel trocado entre Salvador e Porto Alegre, entre a Tropicália e o samba pré-Bossa Nova, segue a brilhar com seu diamante incrustrado.
“Esses moços
Pobres moços
Ah! Se soubessem o que eu sei
Não amavam
Não passavam
Aquilo que eu já passei
Por meus olhos
Por meus sonhos
Por meu sangue tudo enfim
É que eu peço
A esses moços
Que acreditem em mim
Se eles julgam
Que a um lindo futuro
Só o amor nesta vida conduz
Saibam que deixam o céu por ser escuro
E vão ao inferno
A procura de luz (...)”
——
Disse que Paulinho da Viola fez dele “Nervos de Aço”, faixa que nomeou seu LP de 1973, com a famosa capa de Elifas Andreato. É em tudo clássica sua interpretação.
E olha que pode ter havido um erro qualquer na letra e na condução melódica daquela gravação, como conta o próprio Paulinho num “Acústico MTV” (2007).
O samba foi apresentado em 1947, em registros quase simultâneos de Déo, nome artístico do carioca Ferjalla Rizkalla (1914-1971), pela Continental, e Francisco Alves, pela Odeon.
O site Discografia Brasileira, do Instituto Moreira Sales, tem ambos digitalizados, de seu fabuloso acervo de 78 rotações, que se podem ouvir aqui.
(...) "Há pessoas de nervos de aço
Sem sangue nas veias e sem coração
Mas não sei se passando o que eu passo
Talvez não lhe venha qualquer reaçãoEu não sei se o que trago no peito
É ciúme, despeito, amizade ou horror
Eu só sei é que quando a vejo
Me dá um desejo de morte ou de dor (...)"
——
Em “Lupicínio Rodrigues, Entre Dores e Amores” (Biscoito Fino, 2021, de sua série de lives), Ayrton Montarroyos igualmente imprimiu um caráter próprio a “Nervos de Aço”.
Em seu canto a melodia serenamente ondula e se acentua aqui e ali, com a letra quase recitada, acompanhado pelo violão de João Camarero.
Mas ouçamos com ele “Felicidade” — canção registrada originalmente como “toada” pelo Quarteto Quitandinha em 1947, e pelo próprio Lupi, com As Três Marias, em 1952, como “baião chote” (sic).
Montarroyos segue a cadência melancólica da versão de Caetano Veloso — (LP “Temporada de Verão - ao Vivo na Bahia”, 1974), ainda a mais conhecida de muitas gerações — e obtém um lindo registro.
——
Caetano Veloso, nosso maior reinventor e divulgador de compositores que o precederam, depois de João Gilberto, de quem tomou boas e atentas lições, gravou “Vingança” (sucesso na voz de Linda Batista em 1951) em 2008, ao vivo, no show “Obra em Progresso”, lançado mais tarde em CD (2011).
A letra é um show à parte.
“Eu gostei tanto, tanto quando me contaram
Que lhe encontraram chorando e bebendo na mesa de um bar
E que quando os amigos do peito por mim perguntaram
Um soluço cortou sua voz, não lhe deixou falar.Ah, mas eu gostei tanto,
Tanto quando me contaram
Que tive mesmo que fazer esforço
Pra ninguém notar.O remorso talvez seja a causa do seu desespero
Você deve estar bem consciente do que praticou
Me fazer passar essa vergonha com um companheiro
E a vergonha é a herança maior
Que meu pai me deixou (...)”.
Os últimos versos, “Ela há de rolar como as pedras/ Que rolam na estrada/ Sem ter nunca um cantinho de seu/ Para poder descansar”, fazem pensar nas fontes de inspiração do Prêmio Nobel Bob Dylan ao compor “Like a Rolling Stones”, do álbum “Highway 61 Revisited”, de 1965. A imagem poética é quase a mesma.
——
Mas Lupicínio por ele mesmo é só delicadeza.
Essa gravação de “Vingança” é de 1972, a dois anos de sua morte.
Foi extraída de um programa “Ensaio”, produzido por Fernando Faro na TV Cultura, para a produção de um “Arquivo N” da Globonews, que a origem do vídeo.
O canto de Lupi, creio, evidencia o que foi dito sobre a mansidão de sua voz e seu “expressionismo contido”.
A expressão facial é sóbria e serena, com total ausência de gestos operísticos.
A voz se põe a serviço da canção na justa medida, com bonito acompanhamento instrumental.
*
A Rádio Batuta botou na rede “O Melhor dos Iguais”, LP de 1985 do Premeditando o Breque, o Premê, primeiro disco não independente do grupo paulistano, lançado pela EMI.
O Premê surgiu na mesma picada aberta por Arrigo Barnabé e Itamar Assunção, cantoras como Eliete Negreiros, Ná Ozzetti e Tetê Spindola, e grupos como Rumo e Língua de Trapo.
Pavimentada, a estrada ganharia o batismo crítico de Vanguarda Paulista.
“O Melhor dos Iguais” tem uma bela capa de Guto Lacaz e produção de Lulu santos, que também tocou guitarra nas gravações.
Na formação estavam Marcelo (Antônio Marcelo Galbetti), Osvaldo Luiz Fagnani, Claus (Claus Erik Petersen), Mário Manga (Mário Augusto Aydar), Wandy (Wanderley Doratiotto) e A.C. dal Farra.
Caetano Veloso deu uma força na faixa “Bem Brasil”, primeira do lado B e que ouviremos aqui.
A música começa com um maroto canto gregoriano em “paulistês” de um trecho da carta de Pero Vaz Caminha ao rei de Portugal e logo descamba em desatinado samba-enredo com o refrão,
“Aqui não tem terremoto
Aqui não tem revolução
É um país abençoado
Onde todo mundo põe a mão”
Humor e deboche — expressão cultural libertadora que produziu maravilhas nesta “terra muito larga e muito extensa/ com a forma aproximada de um funil”, como diz a letra dessa canção — levaram tinta.
Levaram tinta da guerra fratricida da Hidrofobia contra Cancelação — super-heroínas que medem forças na tal de guerra cultural, que parece entreter muita gente.
Como disse Fábio Porchat ao jornal “Folha de S.Paulo”, o “humor hoje é escatologia ou lacromédia”. E está assim em toda parte.
“Bem Brasil” termina com esta ironia, quer dizer, com essa antiexaltação patriótica,
“Sofá onde todo mundo senta
Onde a gente sempre põe mais um
Oh! Berço esplêndido aguenta
Toda essa galera em jejum
Apesar de Deus ser brasileiro
Outros deuses aqui têm lugar
Thor, Exu, Tupã, Alá, Oxóssi
Zeus, Roberto, Buda e Oxalá”
(...)
“Brasil, potência de nêutrons
35 watts de explosão
Ilha de paz e prosperidade
Num mundo conturbado
E sem razão”